linguagem inclusiva - qual é o certo

Linguagem neutra de gêneros SEM INVENTAR PALAVRAS

Algumas pessoas dizem que para conseguirmos criar um conteúdo livre de gêneros seria preciso usar pronomes neutros. Mas a língua portuguesa não possui esses pronomes neutros, enquanto em outras línguas eles existem e facilitam muito a comunicação neutra de gêneros.

No entanto, o português está sempre em transformação junto de seus falantes, então existe a possibilidade de que ainda ocorram mudanças em relação a esse tema.

Enquanto isso, é importante saber que é possível criar conteúdos com linguagem neutra de gêneros utilizando palavras e recursos que já existem no nosso português.

O que é a linguagem neutra de gêneros?

Linguagem neutra de gêneros é a linguagem que tem o objetivo de ser mais inclusiva, de ressaltar a igualdade entre as pessoas de todos os gêneros. É ela que faz todas as pessoas sentirem-se acolhidas pelo conteúdo que estão consumindo, independentemente de seu gênero.

Para desenvolver um conteúdo livre de gêneros, é preciso evitar usar palavras que possam passar a sensação de estar excluindo alguém.

Você certamente já reparou que, quando criamos um conteúdo para um público mais abrangente, nós naturalmente generalizamos com o uso de palavras no masculino. Usamos palavras como: leitor, consumidor, espectador…

Ou, então, usamos os seus plurais, também no masculino, quando temos a intenção de falar com todas as pessoas: leitores, consumidores, espectadores…. Afinal, foi assim que aprendemos nas aulas de português, não é mesmo?

Entretanto, existem alguns caminhos que podemos seguir para criar conteúdos que abracem todos os gêneros com o que temos disponível hoje na língua portuguesa.

Muitas vezes essa missão de criar um conteúdo com linguagem neutra de gêneros é bem desafiadora, mas com um bocado de conhecimento sobre as possibilidades que existem no português e com um pouquinho de criatividade é possível se virar muito bem!

Primeiro, precisamos lembrar que o português possui diversas opções de palavras que são comuns de todos os gêneros, como: colega, cliente, profissional, chefe, estudante, artista, agente, gerente, fã, jovem, intérprete… entre várias outras.

Essas palavras são conhecidas na língua portuguesa como substantivos comuns de dois gêneros, mas elas funcionam com todos os gêneros.

Existem também algumas inspirações que você pode seguir para conseguir criar um conteúdo mais inclusivo, mais abrangente.

Inspiração 1: Trocar artigos e pronomes que se limitem a um gênero por palavras neutras

Você lembra que falei ali em cima sobre nosso costume de usar palavras que automaticamente acabam pendendo para um gênero?

Veja um exemplo:

  • Para conhecer melhor os seus colegas de trabalho, convide-os para um passeio ao ar livre no fim de semana.

Usar “os seus” e “convide-os” atribuiu o gênero masculino à frase. Porém existe uma opção para contornar isso. Podemos trocar a frase por:

  • Para conhecer melhor sua equipe de trabalho, proponha um passeio ao ar livre no fim de semana para vocês se reunirem.

Pronto! Com alguns ajustes bem simples transformamos a frase em uma mensagem mais inclusiva.

Veja outros exemplos:

  • Hoje faremos uma reunião somente com os líderes da empresa.

Corte o artigo “os” e teremos:

  • Hoje faremos uma reunião somente com líderes da empresa.

Em vez de dizer:

  • Se você quer ser reconhecida como uma profissional…

Você pode dizer:

  • Se você busca ter reconhecimento como profissional…

Ou ainda:

  • Se você busca reconhecimento profissional… 

Inspiração 2: Trocar adjetivos e substantivos de um gênero por palavras neutras

É bem comum escolhermos adjetivos e substantivos de um gênero, quase sempre masculino, sem nem perceber que poderíamos trocá-los por palavras neutras para deixar o conteúdo mais abrangente.

Vamos aos exemplos:

  • Você está preparada?

Ou:

  • Você está preparado?

Uma ótima solução é trocar essas duas opções por:

  • Prepare-se!

Em vez de dizer:

  • Você é único.

Ou:

  • Você é única.

Diga:

  • Você é uma pessoa única.

Ou:

  • Você é especial.

Em vez de dizer:

  • Os alunos da escola X não poderão voltar às aulas.

Troque “alunos” por “estudantes”:

  • Estudantes da escola X não poderão voltar às aulas.

Outro exemplo:

  • Muitos estão curiosos para saber qual é a novidade.

Você pode trocar “curiosos” por “curiosidade” e, depois, fazer pequenos ajustes em torno disso:

  • A curiosidade deixou muitas pessoas ansiosas para saber qual é a novidade.

Ou então:

  • Muitas pessoas estão curiosas para saber qual é a novidade.

Inspiração 3: Trocar sujeitos de apenas um gênero por “pessoas que”

Esta é uma das dicas que mais irão ajudar você a criar conteúdos mais abrangentes e é uma das que mais uso: trocar sujeitos por “pessoas que”.

Em vez de dizer:

  • Meus seguidores do YouTube assistem a dicas maravilhosas toda semana.

Você pode adotar o “pessoas que”. Então, a frase ficaria assim:

  • As pessoas que me seguem no YouTube assistem a dicas maravilhosas toda semana.

Próximo exemplo:

  • Os consumidores da marca X buscam novas alternativas para preservar o meio ambiente.

Novamente, a frase torna-se mais inclusiva ao trocar o sujeito por “pessoas que”:

  • Pessoas que consomem produtos da marca X buscam novas alternativas para preservar o meio ambiente.

Mais um exemplo:

  • Leitores assíduos possuem um vocabulário maior.

Inspire-se com o “pessoas que” e você terá:

  • Pessoas que leem com frequência possuem um vocabulário maior.

Adaptar seus conteúdos para uma linguagem que faça todas as pessoas se sentirem acolhidas é uma missão desafiadora, mas não é difícil! Você só precisa pensar um pouquinho, se questionar sobre a possibilidade de haver alguma palavra que você poderia tirar ou trocar, pesquisar sinônimos… Sempre existem outras formas de passar a mesma mensagem.

Claro que tem aqueles casos em que o conteúdo é voltado para um público mais restrito. Por exemplo, uma marca de roupas íntimas para mulheres. Em situações como essa você usa palavras voltadas para esse público, e está tudo certo, porque é o público com quem você quer criar uma conexão.

Porém quando você fala com um público mais abrangente, o ideal é pensar em uma linguagem também mais abrangente.

Se você praticar diariamente a criação de conteúdos com linguagem neutra de gêneros isso se tornará um hábito. Logo, logo você perceberá rapidinho que é só apagar ou trocar uma palavrinha, outras vezes você precisará pesquisar e fazer mais ajustes.

É só explorar e se inspirar com novas possibilidades da nossa língua portuguesa, que é tão rica de opções!

Topa começar a treinar essas dicas para criar conteúdos mais inclusivos?