escreva melhor com a voz ativa - qual é o certo

Escreva textos mais fortes e amigáveis com a voz ativa

Neste artigo vou falar sobre um assunto que muitas pessoas não entendem muito bem porque entra em termos que podem parecer mais complicados.

Bom, mas se você quiser escrever textos melhores, você precisa conhecer sabe quem?
A voz ativa.

Primeiro…

Vamos falar sobre “voz passiva”

Imagine que você está assistindo a um jornal na televisão. Em uma notícia que envolve um crime e a busca por um suspeito, normalmente a pessoa diz assim:
⚠️ o suspeito foi localizado,
⚠️ o suspeito foi preso,
⚠️ o suspeito foi encaminhado.

Você já percebeu como soa bem enrolado esse jeito de falar?
Esses são exemplos de voz passiva.

Veja como ficam esses exemplos na “voz ativa”

Se abandonarmos a voz passiva e trouxermos esses exemplos para a voz ativa, teremos:
✅ localizamos o suspeito,
✅ prendemos o suspeito,
✅ encaminhamos o suspeito.

Fale a verdade: não fica bem melhor?
Fica, né?! 😎

Diferença entre “voz passiva” e “voz ativa”

Na voz ativa, o sujeito da frase é quem faz algo.
Na voz passiva, algo é feito para o sujeito da frase.

Stephen King, em seu livro “Sobre a Escrita”, traz muitas reflexões interessantes sobre o assunto:

“Existem dois tipos de verbos: ativos e passivos. Com um verbo ativo, o sujeito da frase está fazendo alguma coisa. Com um verbo passivo, algo está sendo feito ao sujeito da frase. O sujeito só está deixando acontecer. Evite a voz passiva.”

Ele ainda complementa:

“A voz passiva é segura. Não existe ação problemática a enfrentar (…). Acho que escritores inseguros (…) sentem que, de algum modo, a voz passiva empresta autoridade a seus trabalhos, talvez até um quê de majestade. Se você considera manuais de instrução e argumentações de advogados algo majestoso, então a voz passiva tem seu valor.”

Não quero semear a discórdia aqui, está bem?
Só quero que você entenda o valor da voz ativa para escrever e falar melhor. 😁

Tenho mais exemplos e até alguns conselhos do escritor Stephen King para mostrar como a voz ativa traz mais força para os textos e informações que você deseja passar.

Olha só!

“O sujeito tímido escreve ‘a reunião será realizada às sete horas’ porque, de alguma forma, a frase diz a ele ‘escreva dessa maneira e todos vão acreditar que você realmente sabe’. Livre-se desse pensamento traidor. Não seja um trouxa! Aprume-se, erga o queixo e assuma o controle da tal reunião! Escreva ‘a reunião será às sete’. É isso, meu Deus do céu! Você está se sentindo melhor, não está?”

Bem direto ao ponto, não é mesmo? 😆

Inclusive, se você busca mais dicas para escrever melhor, com requintes de sinceridade, esse livro é ótimo!

Mais um pouquinho do que diz Stephen King sobre o tema:

“Não estou dizendo que não existe lugar para a voz passiva. Faça de conta, por exemplo, que um sujeito morreu na cozinha, mas foi parar em outro lugar. ‘O corpo foi tirado da cozinha e colocado no sofá da sala’ é um jeito aceitável de se dizer o que aconteceu, embora ‘foi tirado’ e ‘foi colocado’ ainda me desagradem profundamente. Eu aceito a construção, mas não a usaria. Prefiro ‘Freddie e Myra carregaram o corpo para fora da cozinha e o deitaram no sofá da sala’. Por que o corpo tem que ser o sujeito da frase? Está morto, pelo amor de Deus!”

Concordo com ele!
Você também?

Bom, acho que você conseguiu entender bem quanto a voz ativa deixa os textos melhores, certo?

Traz aquela força: “sim, fui eu que encontrei o suspeito”, “eu que prendi o suspeito”, “eu marquei a reunião”.

Ainda sobre voz passiva, quero trazer mais um ponto para refletirmos.

Os anúncios de vagas de emprego

Nos anúncios de vagas de emprego, é comum as empresas divulgarem assim:
⚠️ Procura-se detetive
⚠️ Procura-se copywriter

Certo?

Primeiro, quero falar que precisamos prestar atenção na concordância. Se o sujeito estiver no plural, aprendemos lá na escola que o certo é dizer “procuram-se detetives” e procuram-se copywriters”.

Por quê?
Porque “detetives são procurados” e “copywriters são procurados”.

Por isso, o certo é “procuram-se”, no plural.
Porém, mais uma vez, a voz passiva aparece sem necessidade.

Se trocarmos para a voz ativa, teremos:
Procuramos detetives
Procuramos copywriters

Percebe como fica mais direto, mais forte e ainda traz um toque mais amigável?
“Somos nós quem procuramos.”
Bem mais amistoso, né? 😄

Sobre essa regra de termos de falar “procuram-se detetives”, tenho mais uma referência legal para trazer.

Marcos Bagno apresenta em seu livro “Preconceito Linguístico” uma reflexão bem interessante sobre o professor Aldrovando Cantagalo, personagem do conto “O colocador de pronomes” de Monteiro Lobato.

“Ao ver uma placa com os dizeres ‘Ferra-se cavalos’, o histérico gramático tentou explicar ao ferreiro que o verbo deveria estar no plural porque o ‘sujeito’ da frase era ‘cavalos’. E foi obrigado a receber esta aula perfeita de sintaxe brasileira:

— V. Sa. me perdoe, mas o sujeito que ferra os cavalos sou eu, e eu não sou plural. Aquele SE da tabuleta refere-se cá a este seu criado.

Alguém já viu um cavalo pôr ferradura em si mesmo?”

Interessante essa reflexão, não é mesmo?
Bom, de qualquer modo, escreva melhor com a voz ativa. Assim, a informação fica mais forte e você ainda evita possíveis erros de concordância. 😉