como não noticiar um show dos backstreet boys - qual é o certo

Como NÃO noticiar um show? Uma aula de boas maneiras na redação

Gente, eu fiquei chocada! 🐣
No dia 29 de janeiro vi uma publicação que me deixou chocada!

Estou falando deste post da Folha de São Paulo publicado no Instagram:

backstreet boys folha de são paulo 1

Olha essa chamada, gente! 😱

Vi esse post no domingo à noite porque minha irmã o enviou pelo Whats, no grupo da família. Na hora respondi:
— Minha nossa! Quantos adjetivos pejorativos!
Para não dizer que achei uma 💩, né! 😅

Por que criam títulos como esse?

Bom, talvez você já saiba a resposta. A intenção com títulos assim é convencer as pessoas a clicarem no link da bio ou no link que está nos Stories — no caso do Instagram.

Mas, gente! Precisa usar termos pejorativos para descrever milhares de pessoas que estavam no show? Aliás, uma parte das pessoas, pois tinha gente de várias idades, e não havia apenas mulheres, não.

Afinal, tem como convencer as pessoas a entrarem no site para ler a matéria completa sem ofender ninguém?

⚠️ Spoiler: sim, tem! 🙂

Primeiro, vamos contextualizar…

O sucesso dos Backstreet Boys nos anos 90

Certamente você se lembra bem do sucesso que os Backstreet Boys fizeram na década de 90. Caso não seja da sua época, você com certeza já ouviu falar sobre eles, não é mesmo?!

Eu acompanhava o grupo no período do auge da MTV; assistia todo dia para ver clipes dos Backstreet Boys, Metallica, Foo Fighters, Green Day, Rammstein, Blink 182… Sim, bem eclética! Hahahaha 😅

Na época, eles vieram para o Brasil, mas eu não fui ao show. No entanto, agora, em 2023, realizei o sonho da adolescência.

Pois é, sou uma trintona — quase quarentona 🤪 — superfeliz que assistiu ao show deles em Curitiba e posso dizer: a plateia ficou alvoroçada quando eles arremessaram os “souvenirs”, vulgo cuecas. Mas a maior emoção, sem dúvida, foi ver ao vivo os ídolos da adolescência com suas músicas e coreografias nostálgicas.

Ai, tão bonitinhos! Foi emocionante! 🥲

Enfim, vamos à lição deste conteúdo:

Como NÃO noticiar um show?

Na matéria da Folha colocaram muitos rótulos na plateia e nos Backstreet Boys. Em vez disso, na minha opinião, poderiam enaltecer a alegria do público, a felicidade do momento.

Mesmo que eu não seja jornalista — sou publicitária —, vejo que um evento tão feliz, que envolveu uma alegria tão genuína entre a banda e a plateia, merece, sim, uma notícia mais simpática.

Então vamos ver alguns trechos da matéria comentados por mim.

Senta, que lá vem o sarcasmo. 😁

“Uma multidão de mulheres trintonas e quarentonas abarrotava o Allianz Parque, em São Paulo, na noite desta sexta-feira.”

Sim, só havia mulheres na plateia. E só dessas idades. Aham! 🙄

“Estavam ali para relembrar a adolescência e cantar a plenos pulmões hits dos Backstreet Boys.”

Minha nossa! Como eu amo esses clichês, “a plenos pulmões”.
Mentira! 🤣

“‘Estou me sentindo tão jovem’, disse uma mulher, rindo. Atrás dela, outra fã, que aparentava estar na casa dos 50 anos, tirava selfies com uma faixinha temática amarrada na cabeça. Seu marido, com cabelos grisalhos, encarava o palco com cara de poucos amigos.”

Sério, gente! Pra que dizer que “aparentava estar na casa dos 50 anos”? Por que não perguntou a idade da mulher para colocar a informação precisa, já que o autor achou a informação tão relevante?!

E poxa vida, né? Sobrou até para o marido, pobrezinho! O cara foi lá, acompanhou a esposa, e depois ainda tem que ler isso…

“A idade dos integrantes da banda vai de 42 a 51 anos — longe dos 20 e poucos que tinham quando o grupo surgiu em Orlando, nos Estados Unidos, no início dos anos 1990.”

O quê?! Eles envelheceram tudo isso dos anos 90 pra cá?! Tô chocada! 🐣 
Ainda bem que temos a matéria para nos avisar que eles não estão mais na casa dos 20 e poucos anos. 🤦🏻‍♀️

Mas olha só, agora vamos ver um elogio!
E logo depois uma ofensa gratuita…

“O quinteto soltou a voz na dramática ‘Incomplete’. Em seguida, na faixa ‘Undone’, fizeram uma daquelas coreografias com as quais encantaram toda uma geração. São movimentos suaves e charmosos, nada parecidos com as dancinhas bobas do TikTok que hoje alavancam artistas pop.”

Pra que ofender mais gente?! Podia parar ali, no elogio, que ficaria ótimo.

“Foi lá pela metade do show que AJ McLean e Kevin Richardson interromperam a apresentação para mudar de look. Fizeram isso no palco mesmo, dentro de um trocador móvel. McLean depois atirou uma cueca azul, supostamente usada, para as fãs. Uma onda de berros se ergueu.”

Ah, claro, né, gente?! Até se jogassem um microfone, a plateia ficaria empolgada para pegar. Imagina! Qualquer objeto deles ou supostamente deles causaria fervo. Pense, então, cuecas! 😅😂

Caso você queira ler a matéria completa, o link para a Folha de São Paulo está aqui.

Vamos criar conteúdos mais amistosos? Por favorzinho!

Sempre falo sobre a importância de criarmos conteúdos mais amigáveis, que façam as pessoas se sentirem bem, sentirem um bem-estarzinho por ler aquilo. Aí vêm pessoas que só pensam em caçar cliques e escrevem coisas desse tipo para conseguir alcançar seu objetivo. Acho triste, sabe?!

Mas preciso destacar que achei maravilhoso ver os comentários na publicação sobre a matéria no Instagram da Folha. Olha… o autor mereceu, viu? Cada um deles! Espero que ele use essa polêmica como inspiração para escrever matérias mais amistosas.

Se bem que, provavelmente, o autor nem deve ter se importado com o auê negativo… Afinal, conseguiu chamar a atenção de um público gigantesco dessa forma. Até aqui apareceu como referência de como não noticiar um show pelo qual milhares de pessoas estavam esperando há anos.

Inclusive, não é a primeira vez que um absurdo uma polêmica da Folha de São Paulo vem parar aqui no Qual é o certo?. No ano passado, criei um conteúdo sobre racismo reverso por causa deles. O link está aqui:
Racismo reverso existe? O que dizem os dicionários?

E o título? Tem como criar um título convidativo sem ofender ninguém?

Existe alguma outra possibilidade para despertar o interesse das pessoas e estimulá-las a entrarem na matéria?

Digo com segurança que sim.
É possível escrever títulos chamativos sem ofender ninguém. Pode acreditar!

Observe, o título original é:

“Backstreet Boys atiram cuecas para trintonas em show nostálgico em SP”

Precisamos destacar que, além do termo pejorativo, essa versão exclui outros públicos. No show ao qual fui havia homens pulando e dançando também, por exemplo. Aposto que nos outros shows da turnê também havia.

Nesse sentido, pensei em três sugestões:

Backstreet Boys emocionam e surpreendem fãs em turnê adiada por três anos

Backstreet Boys emocionam fãs de diferentes gerações em show nostálgico
Tem até título inclusivo. Viu só?

Backstreet Boys em São Paulo: grupo surpreende fãs com souvenirs inusitados

Olha só! Esse título até desperta a curiosidade, concorda?
E, mais uma vez, não ofendi ninguém.

Ou, então, uma opção extra com um pequeno ajuste:
Backstreet Boys atiram cuecas para fãs em show nostálgico em SP

Viu que mágico?!
Só troquei uma palavra e pronto. Desse modo o título não ofende mais ninguém.

Bom, esses foram títulos que pensei, assim, rapidinho, né!
Imagine se alguém me pagasse para isso. 😁

Por fim, também criei um texto como sugestão para substituir o que publicaram no Instagram. Caso você queira ler, minha versão está no Instagram do Qual é o certo?.

Mônica-Guerretta-Qual-é-o-certo

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